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O  GAGO

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Era um homem

Muito gago

Que de tanto gaguejar

Ninguém entendia

O que estava a falar

Mas ele sabia bem

O que estava a dizer

Só que ninguém

O estava a entender

Se sentia tão triste

E assim desanimado

Para não ir gaguejar

Estava sempre calado

Mas quando era preciso

E tinha de falar

Lá estava ele

Outra vez a gaguejar

As pessoas lhe diziam

Fala-nos a cantar

Não é que as palavras

Saíam certas

Deixava de gaguejar

Então dali em diante

Andava sempre a cantar

E se cantava bem…

Isso é um privilégio

Que todo o gago tem!

As palavras que dizia

Passaram a ser cantadas

E passado algum tempo

Quase não gaguejava

 A cantiga foi o remédio

Para aquela situação

Que ele já pensava

Não ter resolução!

Dali em diante

Com calma

Começou a falar

Não fosse de novo

Voltar a gaguejar

Começou a viver

Com mais satisfação 

A falar daquele jeito

Lhe dava aflição

Então o gago

Que agora gago

Já não é !

Todos entendem

O que ele diz

Passou a viver

Muito mais feliz.

◊◊◊

Maria Alda C. Ferreira